Em agosto do ano passado, foi instituído a lei que coloca o mês de maio como central para campanhas que combate a violência e ao abuso sexual da criança e do adolescente. Durante este mês, várias campanhas em rede nacional foram ao ar, todas com o objetivo de conscientizar os adultos responsáveis e criar a cultura da denúncia dos casos de abuso. Como escola, colocamos como essencial a educação como principal meio de prevenção aos abusos e violências sofridos por nossos pequenos.
Para estar por dentro e atentos as formas de abuso, estudaremos ao longo desse texto, alguns meios de prevenção ao abuso infantil, assim como também as principais características apresentadas por uma criança que está sofrendo violência sexual. Compreender o que acontece, por mais doloroso que seja, também é a melhor forma de ajudar as crianças.
Para começar, é necessário entender que toda criança que passa por essa situação, demonstra de alguma forma, e é importante conhecer e estar atento aos sinais. O site maiolaranja.org.br, elenca que os principais sinais de que uma criança pode estar sofrendo abuso sexual são:
1- Mudança no padrão de comportamento da criança, alterações de humor entre extrovertido a medo ou pânico.
2- Queda injustificada na frequência ou no rendimento escolar
3- Problemas de saúde sem causas justificadas clinicamente, como dores de cabeça, dor de estômago, erupções cutâneas… que na verdade possuem um fundo emocional e psicológico
4- Interesse intenso por questões de cunho sexual, realizando brincadeiras que remetem a atos sexuais ou desenhos frequentes indicando partes íntimas
5- Retorno a comportamentos infantis já abandonados anteriormente
6- Não ter afeição a uma pessoa, que teoricamente ela deveria desenvolver afeto
7- E principalmente, traumatismos físicos. Marcas de agressão, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez em casos mais extremos são indicativos que abuso e violência sexual infantil
Para não surtar, precisamos entender que nenhum sinal aparece sozinho, e que mudanças no humor ou problemas de saúde também podem estar relacionados a outras causas, como divórcio ou nascimento de um irmão. Porém, é necessário analisar todos os sinais, que juntos, podem sim indicar que uma criança ou adolescente está passando por abuso, ou violência sexual.
Mas como prevenir é a pergunta que mais precisamos responder, para podermos agir dentro de casa, dentro das escolas, dentro dos espaços que a criança frequenta, e que assim ela possa estar segura em todos os locais.
O perfil principal do abusador é alguém que a criança conhece, convive, confia e ama. Muitas vezes ele pode ser parte da família, ou alguém que a criança convive fora do núcleo familiar, como primos, tios, amigos. Geralmente é uma pessoa de confiança dos pais. Em se tratando de abuso infantil, raras são as vezes que o abusador é alguém estranho.
O primeiro passo para prevenir o abuso é conversar com os pequenos sobre partes íntimas. As crianças precisam saber nomear corretamente e reconhecer as partes que não devem ser tocadas no seu corpo, a não ser por seu consentimento, em momentos necessários, como banho e troca de fralda. Saber o que é íntimo e o que não pode ser tocado por demais pessoas, ajuda a criança a perceber quanto está em uma situação de perigo.
Dessa forma, também é essencial que expliquemos para as crianças os limites do corpo dela e do corpo do outro. Assim como ela não deve tocar na parte íntima de outra pessoa, ela também não deve deixar que ninguém toque na dela.
Mas o que fazer em momentos que eu preciso tocar a criança para limpá-las? Explique para a criança que somente poucas pessoas podem tocar nessas partes e que ela só será tocada quando for necessário, em trocas de fralda ou banho. Procure manter sempre as mesmas pessoas para auxiliar em momentos íntimos, e relate para a criança os seus movimentos, para que ela entenda a necessidade daquele momento. Podemos e devemos fazer isso desde bebê. Explique também que ir ao banheiro fazer xixi ou cocô também é um momento íntimo.
Saiba com quem seu filho convive, e se for necessário deixar a criança sob a supervisão de outro responsável durante longos períodos, tenha meios de vigiá-los para observar a relação desenvolvida. Também nesse ponto, saiba o que as crianças assistem nas telas. Sabia que ver ou assistir conteúdo pornográfico também é uma forma de abuso infantil? Portanto, estejam atentos às telas. Elas fazem parte do nosso dia a dia, e é importante que a criança tenha acesso para conviver com as tecnologias do nosso mundo, mas mais importante ainda, é que tenhamos cuidado com o que elas podem acessar.
O mais essencial é incentivar a criança a conversar com você. Não brinque de guardar segredos e explique que nenhum segredo deve ser guardado dos pais, que são as pessoas de maior confiança da criança. A relação de confiança é uma construção sua com o seu filho, e para manter essa relação, é necessário que a criança não seja punida, criticada ou castigada. Ela precisa entender que pode (e deve) confiar em seus responsáveis, e que ao contar qualquer coisa, ela será amada em primeiro lugar.
Observe sua criança, fique atento a sinais e construa uma relação de respeito, confiança e proximidade com seu filho.
E o que devo fazer se desconfio de um possível abuso? DISQUE 100 E DENUNCIE! Os dados são alarmantes. No Brasil, a cada 1 hora, três crianças são abusadas sexualmente. Qualquer indício de uma criança abusada, é obrigação do cidadão brasileiro realizar a denúncia.
Alguns livros que indicamos para conversar com as crianças sobre corpo e partes íntimas são:
- Pipo e Fifi
- Não me toca, seu boboca
- Meu corpo, meu corpinho
- Gogó, de onde vem os bebês? (para criança que apresentam curiosidade no assunto)
Escrito por: Ana Paula Dias