Natalie Shimada
“Passamos o primeiro ano de vida de uma criança ensinando-as a falar e a andar.
E pelo resto de suas vidas, dizemos para se calarem e ficarem quietos no lugar.” (Neil DeGrasse Tyson)
Em um ambiente educacional onde se valoriza o educando como protagonista de sua aprendizagem, o desenvolvimento da autonomia é um pilar fundamental e vemos o florescer no dia a dia escolar com oportunidades de escolhas e autogoverno respeitando as capacidades de cada fase. Segundo Kant (1724-1804) a autonomia é a capacidade da vontade humana de se autodeterminar segundo uma regra moral por ela mesmo estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou exógeno com uma influência subjugante.
O desenvolvimento da autonomia requer sair do lugar de obediência cega, para um patamar de ação com liberdade moral e intelectual, não sendo simplesmente “conseguir executar tarefas” e sim a habilidade de estar consciente dos direitos e deveres na sociedade em que vive.
A autonomia como prioridade na formação educacional precisa estar presente no âmbito familiar e no âmbito escolar em todas as situações da rotina, como filosofia de vida contribuindo para o desenvolvimento emocional, cognitivo e físico.
Para promover mudanças nas nossas crenças e como concebemos a escola, devemos nos perguntar que criança queremos ajudar a ser e a crescer?
A criança que possui adultos significativos sustentando o desenvolvimento autônomo pode se autoconstruir de forma intelectual, social e física de maneira confiante em si, no ambiente e nas suas habilidades e competências para resolução de conflitos, problemas, e superação de obstáculos de forma gentil, sensível e solidária.
É importante estimular, encorajar e encantar a criança para usar seus próprios recursos para conquistas e não forçar e obrigar a criança a fazer algo, isso provoca medo, insegurança e afeta a autoestima da criança. A criança precisa de adulto que esteja disponível em ajudar, se ela precisar e não se o adulto achar necessário.
Crianças autônomas, se desenvolvem com interação e experiências com seu ambiente e quanto mais oportunidades de escolhas e vivências há, mais bases para um conhecimento futuro é construído. É no dia a dia que a criança possui oportunidade de construir, retificar, aperfeiçoar modelos cognitivos, emocionais e físicos para atuar no mundo.
A aprendizagem se torna prazerosa, pois a criança possui seus próprios interesses, percepções, questionamentos e conclusões, habilidades construídas por meio da autonomia e da confiança dos adultos na constituição da sua personalidade. No dia a dia em uma escola Montessori e em uma família que segue a filosofia poderemos ver bebês de 8 meses que bebem em copos de vidro, crianças de 1 ano que tiram meias e comem sozinhas, crianças de 2 anos que se servem à mesa, guardam itens pessoais e trocam de calçados, crianças de 5 anos capazes de fazer uma receita sozinha em todas as fases e que amam aprender a ler e escrever sozinhas. A Autonomia se reflete em todos os âmbitos da vida de uma criança.
Importante estarmos atentos para colocar em prática a teoria e ver florescer crianças autônomas capazes de mudar o mundo.