A forma como a educação dentro da escola é ministrada influência na formação moral, social e integral da criança. Não é o conteúdo pedagógico ou a estrutura física da escola que ensinará a criança uma forma de pensar sobre viver em sociedade e consigo mesmo, mas sim a forma como estabelecemos as relações entre adultos e crianças, como lidamos com a disciplina, com o erro, com o coletivo e com a individualidade. Em uma escola montessoriana a base das relações são a bondade, a ajuda mútua, a cortesia e a disciplina. 

Em nossa escola defendemos uma educação não pautada em prêmios e castigos, no entanto, é muito diferente do que vemos na maioria das escolas onde a principal característica, mesmo que de forma velada, é a necessidade de estímulo externo para que as crianças aprendam, façam lições, sigam a disciplina, respeitem os colegas e se comportem bem. 

Os estímulos externos são os prêmios e castigos que se revelam com: parabenizações para quem atende o adulto, premiações para os melhores, exposição vexatória daqueles que não concluíram a tarefa, lista de alunos que não se comportam bem na lousa, proibições de lanche ou brincadeira para aqueles que não atenderam a demanda escolar, notas ruins, denúncias pejorativas às famílias e até suspensão da escola. Ignoramos que as crianças possam por seu bem próprio fazer escolhas que as beneficiem, que possam por vontade própria escolher aprender, pesquisar, fazer atividades e cumprir seus deveres pedagógicos e comunitários. Acredita-se que as crianças necessitam de forma vital de um uma aprovação e parabenização externa para o bem e de uma punição para o mal e que vendo crianças sendo punidas evitem o erro e ao ver crianças recebendo prêmios desejem superar. Na raiz dos prêmios e castigos de uma escola pautada nessa moral, há a competição acirrada, o egoísmo e muitas estratégias para se evitar o sofrimento, a exposição e a vergonha. 

Prêmios e castigos atendem a vontade do adulto de controle da criança, e anulam a personalidade e necessidades das crianças. No método Montessori as crianças aprendem sobre respeito e cooperação, possibilitando o desenvolvimento de funções executivas e habilidades socioemocionais que refletirão em toda a vida da criança. Maria Montessori, no Livro “A criança” afirma que muitas vezes convencidos de amor e zelo anulamos a personalidade da criança, pois a olhamos a partir de nós mesmos. As crianças possuem seu próprio ritmo, suas próprias necessidades e seu próprio desenvolvimento, a nós adultos cabe contribuir para um desenvolvimento saudável e integral quando podemos respeitar, ouvir e auxiliar a criança a agir no mundo da melhor forma sendo exemplo, de bondade, disciplina e respeito. 

Ao conduzir como base da educação os prêmios e castigos, evitamos que as crianças possam construir o desenvolvimento emocional e cognitivo, há um esvaziamento das capacidades emocionais evitando o desenvolvimento da autorregulação e de habilidades executivas. Pois, a criança possui poucas oportunidades de fazer o autoexame e direcionar suas atitudes e comportamento. Na vida real a maior satisfação de um trabalho bem-feito, de metas cumpridas é do próprio ser humano e essa é a chave para traçar metas próprias e se satisfazer genuinamente com a vida que se possui. 

Valorizamos a comunicação verdadeiramente empática sem a intenção de controlar e sim de conexão, promovendo o desenvolvimento saudável e seguro, onde as crianças podem dizer “aqui posso ser eu” e possuem oportunidade de errar, rever e superar desafios sem medo de chantagem, castigos ou punições. Quando há respeito mútuo as crianças são capazes de seguir seus mestres porque estes são exemplos de amor e firmeza. Em um ambiente seguro e onde a bondade prevalece as crianças desejam contribuir, aprender e são curiosas por motivação própria. 

Em nossa escola praticamos comunicação empática, escuta ativa, conversamos com as crianças na altura delas, mantemos tom de voz baixo, procuramos a resolução de problemas e acolhemos as crianças para elaborarem suas emoções. Vivenciamos aquilo que desejamos que nossas crianças possam ser no futuro!