Um período em que as crianças e famílias esperam para poder relaxar e sair da rotina, procuram por um descanso, um lugar diferente para ir (com segurança), uma atividade que traga relaxamento, diversão e alivie a pressa do dia a dia. Entretanto, pode ser também um período sinônimo de mudanças bruscas de sono, alimentação, comportamento e trazer mais desgaste para a relação familiar quando retornar das férias.
Conforme a Metodologia Montessori e toda a teoria de desenvolvimento, a criança de 0 a 6 anos traz em si um padrão de instintos psíquicos que possibilitam a construção e o aperfeiçoamento de habilidades, períodos com sensibilidade, facilidade e potencialidade para se apropriar do mundo. Essa sensibilidade e potencialidade podemos chamar de períodos sensíveis, que guiam o desenvolvimento de 0 a 6 anos.
Durante os períodos sensíveis, naturalmente a criança apresenta aptidão, foco, empenho e facilidade para aprender determinada habilidade, assim as crianças vivem intensamente o período sensível da ordem. Um período de grande desejo de repetição, amor pela rotina e consistência nas atitudes e ações. As crianças podem ficar profundamente perturbadas com a desordem, como, por exemplo: um adulto que sempre teve a barba e retirou de um dia para o outro, alguém que sempre está de óculos e de repente aparece sem uma mudança na ordem da rotina: dormir fora do horário, mudança no cardápio, mudança de atividades do dia e nesse sentido entram as férias.
As crianças precisam de ordem para entender o mundo, quanto maior a repetição e consistência, maior o entendimento do mundo. O ambiente deve ser cuidadosamente ordenado com um lugar para tudo, com regras básicas cuidadosamente estabelecidas, com rotina para atividades e consistência de comportamento dos adultos.
O que chamamos de capricho infantil, birra e teimosia pode na maioria das vezes estar ligado a conflitos interiores relacionados aos períodos sensíveis não desenvolvidos e atendidos. No livro A criança, Maria Montessori afirma que o ser humano não observa as leis da natureza e sim os desvios, os erros, jamais a calma nos convida a um olhar atento e sim as perturbações, o adulto tomou conhecimento apenas das doenças infantis e não a saúde, criança sã continua um mistério. Apontamos para as crianças o tempo todo seus defeitos, exigimos determinados comportamentos, mas, ao mesmo tempo, negligenciamos nossa postura, nossos vícios e nossos maus hábitos.
O que fazer, então?
Podemos aproveitar as férias de forma tranquila e saudável mantendo uma regularidade, respeitando o horário de sono, de alimentação e de descanso das crianças. Mantenham a rotina macro do dia e principalmente não exagerem nas exceções. Assim certamente as crianças aproveitarão mais e consequentemente os adultos também conseguirão ter férias que realmente servirão para distrair a cabeça e descansar o corpo e quando retornarem para a rotina normal tudo fluirá com maior tranquilidade.
Boas férias!
Natalie Shimada